O meu caminho para a Independência Financeira | Q&A

Hoje vou partilhar convosco o meu caminho para a independência financeira, respondendo a várias perguntas sobre o tema.

Como começou o teu interesse para as finanças pessoais?

Bem, se calhar começo por explicar como foi a minha educação financeira, porque acontece que isto afecta a nossa relação com dinheiro. Tive a sorte dos meus pais apostarem na minha educação financeira, então desde muito cedo responsabilizaram-me pela gestão do meu próprio dinheiro. Eu recebia mesada/semanada desde que me lembro e se quisesse comprar algo, sabia que os meus pais não me iam dar. Tinha de juntar eu o dinheiro para comprar.

Também fui incentivada a trabalhar pelo meu dinheiro. Podia fazer certas tarefas em casa em troca de dinheiro. Na verdade eu era um pouco preguiçosa e nunca mostrei muito interesse nisso. Preferia brincar com as amigas a ganhar dinheiro.

Sempre vi os meus pais a viverem de forma poupada, e isso permitia-nos fazer muitas coisas. Íamos de férias ao estrangeiro várias vezes por ano por exemplo. E sempre se falou abertamente sobre dinheiro. Também tinha consciência de que as decisões financeiras lá em casa eram bem pensadas e já mais velha percebi que eles além de poupar também investiam.

Nos investimentos imobiliários que foram fazendo, nós (eu e a minha irmã) também fomos envolvidas. Aliás, lembro-me que os meus pais tinham comprado um terreno para investimento, e disseram-nos que quando conseguissem vender, nos davam 1% do lucro a dividir pelas duas. Para nós isso foi super fixe! E a primeira coisa que pensei foi: boa, esse valor vai para as minhas poupanças, mesmo sem saber o que depois iria querer fazer com isso.

Só mais tarde é que me comecei a interessar realmente por investir e a fazer as minhas pesquisas sobre isso. Comecei a ler mais sobre o assunto, e quando percebi o poder do juro composto pensei: tenho de começar já a investir! Porque quanto mais cedo melhor. E então sentei-me com o meu pai e perguntei-lhe se podia mostrar o seu portfólio de investimento e dar-me umas dicas. Tenho noção que tive a sorte de ter um pai investidor, que me podia mostrar resultados concretos de sucesso, porque sem isso seria mais difícil ganhar a confiança para investir.

E a partir do momento em que comecei a investir o meu interesse em finanças pessoais explodiu! Ganha-se muita motivação quando passamos a acção e o nosso dinheiro está em jogo. Pelo menos para mim foi assim.

Quais são os teus objectivos financeiros?

Há muitos anos atrás defini que queria ser milionária aos 35 anos. Não era ter um milhão na conta, mas sim um milhão investidos. Aliás, escrevi num papel que ainda tenho guardado. Tinha lido sobre a importância de escrever os nossos objectivos num papel e poder olhar para o papel todos os dias. Então fiz isso. Escrevi tudo e coloquei o papel num sítio onde o via todos os dias. No vídeo que fiz sobre este artigo mostro o que está escrito no papel. Por isso se tiveres curiosidade vai ao meu canal de youtube.

Qual foi o teu primeiro investimento e quanto investiste?

Foram negócios próprios, ou seja empreendimentos. Também os considero um investimento, apesar do retorno ter sido sempre temporário, porque esses negócios nunca duraram mais do que 1 ou 2 anos.

Quando tinha uns 14, 15 anos, queria ganhar dinheiro, mas não queria ir trabalhar para alguém, então decidi que tinha de ser eu a criar o meu próprio negócio e tentar ganhar dinheiro com isso. O negócio que durou mais foi na altura da faculdade em que vendia joias feitas por mim. Consegui ganhar bastante dinheiro com isso, mas nunca passou de algo relativamente amador. Ainda criei um site para vender por lá, mas perdi o gosto, porque eu gostava era de fazer as joias, e não gostava da parte das vendas e da logística. Bem e sem isso, não há vendas e sem vendas não há retornos…

Sinceramente não sei quanto investi… até porque não fazia essas contas. Isso também não ajudou. No fundo nem sabia quanto era o meu lucro. Sabia só por alto.

O meu primeiro investimento na bolsa foi em fundos de índice em que investia mensalmente de forma consistente. Comecei com 250 por mês acho eu, e fui aumentando conforme ia ganhando mais.

Quanto poupas por mês?

Boa pergunta e a minha resposta não vai ser a mais correcta. Eu acho que poupar é essencial e faço o todos os meses, mas eu não tenho um plano específico para poupar. Não é o ideal, mas funciona para mim e isso é que importa. Poupo o máximo que consigo sem me restringir demasiado.

Pago-me a mim primeiro para garantir que poupo, ou seja, assim que recebo, meto dinheiro de lado para as poupanças. Depois o que sobrar no final do mês também vai para as poupanças. O que eu faço é definir um objectivo de poupança anual e depois vejo quanto preciso de poupar em média por mês para chegar a esse valor.

Em 2019 tinha definido que queria poupar dez mil euros. Isso por mês dá 833 euros. É bué! É mais do que o salário mínimo, tenho perfeita noção disso. Mas é precisamente por isso que o meu foco está em ganhar mais, criar mais fontes de rendimento. Foco-me mais em tentar ganhar mais, do que nas poupanças. Porque no meu caso, se garantir mais rendimento, automaticamente vou conseguir poupar mais.

Mas quero só enfatizar que não importa a quantidade, se conseguires poupar 50 euros por mês, já é um bom começo. E tenta focar não tanto onde podes reduzir custos (até porque isso tem limite), e foca-te em como poder ganhar mais, para depois poder pôr mais de lado.

Se quiseres saber mais sobre as minhas estratégias de poupança, aproveita para ler este artigo: Como poupar mais dinheiro mais rápido.

Qual é o teu investimento preferido?

Fundos de índice ou ETFs, ou seja que siga um índice, que seja passivo, com rentabilidades históricas boas. Não quero ter muito trabalho. Quero que o meu dinheiro trabalhe por mim. Por isso é que gosto deste tipo de investimento. A minha rentabilidade média tem sido perto dos 10%.

Já escrevi um artigo em que conto sobre o ETF em que eu invisto e como fazer. Para quem tiver curiosidade, veja este artigo: Como investir em ETFs | O meu investimento preferido.

O que achas sobre o movimento FIRE?

FIRE – Financial Independence Retire Early. Quem não quer isto! Poder reformar-te mais cedo, não teres de trabalhar mais. Mas a questão é: a que custo? Há pessoas que vivem de forma super restrita durante anos, e depois de facto conseguem reformar-se cedo. E se conseguires viver com pouco, mais fácil isto se torna. Ou aliás, mais rápido te consegues reformar.

Imagina que tens um apartamento pago, que consegues rentabilizar, ou seja arrendar. Imagina que isto dá líquido 500 euros por mês. Se conseguires viver com 500 euros por mês, não precisas de trabalhar mais! A verdade é esta. Se eu arrendar a casa onde actualmente vivo e for viver para uma tenda no jardim dos meus pais e plantar a minha horta, atingi o FIRE. Mas não quero isso…

Por isso, e para responder à questão, gosto muito do movimento FIRE e quero atingir o FIRE, mas não a qualquer custo. Quero poder ter um estilo de vida que me faça feliz. E isto depende de pessoa para pessoa claro, mas para mim, quero ter certos confortos como poder ir jantar fora, ou viajar e claro, faço-o de forma ponderada. Não atiro dinheiro fora à maluca, mas também não quero estar sempre a pensar em poupar. Ou seja, o objectivo é o FIRE sim, mas o caminho até lá também tem que ser agradável.

Estas foram as perguntas sobre o meu caminho para a independência financeira. Se por acaso tiveres uma pergunta que não respondi, coloca nos comentários para eu responder por lá.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *