Q&A – O meu percurso / As minhas falhas / O que me motiva

Há um tempo atrás fiz um vídeo sobre o meu percurso para a independência financeira, onde respondi a várias questões vossas. Não consegui responder a todas as vossas perguntas nesse vídeo e por isso decidi fazer outro.

Podes ver o vídeo anterior aqui: Como me tornei investidora e empreendedora

Desta vez, escrevi as perguntas e respostas para ficar escrito num artigo! Caso prefiras ver o video, podes vê-lo aqui em baixo:

Onde foste buscar informação para começar a investir?

Livros. Os meus pais. Blogs e canais de youtube americanos. Outras pessoas à minha volta que já tinham atingido o FIRE. Etc. Esta busca de informação é continua e fui juntando muita informação ao longo do tempo. Acho que não há um sítio que seja o sítio ideal onde ir buscar informação.

Não tenho muitas pessoas à minha volta com quem possa falar sobre investimentos, e por isso fui à procura de mentores e inspiração online e em livros. Tive a sorte de ter pais que se preocuparam com a minha educação financeira.

A meu ver é importante ter várias fontes diferentes, com perspectivas diferentes, para termos o máximo de informação possível para criar a nossa própria opinião.

Neste artigo partilho algumas das minhas fontes de informação quando quero escolher um produto financeiro novo para investir: 5 passos para selecionar um produto financeiro para investir

Como é que o teu MBA contribuiu para o teu percurso?

A educação é super importante. Seja através de universidades ou formas mais alternativas. A educação é a base para poderes fazer escolhas. Permite-te desenvolver competências e diferenciares-te do mercado.

Imagina que tens uma empresa de webdesign e fazes sites para empresas. Há clientes com quem gostas de trabalhar mais e outros menos. No início, quando ainda tens pouca experiência, vais ter de aceitar todos os clientes que podes, porque precisas do dinheiro e de ganhar experiência. Ao longo do tempo, em que vais ganhando mais know-how e mais experiência, vais conseguindo acrescentar mais valor e consequentemente pedir mais dinheiro. Este valor extra, que te permite ser mais seletivo e trabalhar apenas com os clientes que tu queres, ganha-se com aprendizagem.

No meu caso, a educação especificamente do MBA, trouxe-me confiança. Mais do que conhecimento específico, trouxe-me a confiança de ter algo além da minha licenciatura e do meu mestrado. No fundo achava que ao ter um MBA, iria ajudar a diferenciar o meu CV no meio de tantos, quando começasse a procurar emprego. E por isso conseguia estar mais confiante nas entrevistas de emprego.

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Voltarias para Holanda para atingir o FIRE mais rapidamente?

Se partimos do pressuposto que na Holanda se ganha mais, conseguiria poupar mais, porque mesmo que os gastos lá sejam mais elevados, sobra sempre mais para poupar. Ou seja, neste caso, conseguiria atingir o FIRE (Financial Independence Retire Early)mais rapidamente.

Mesmo assim, acho que não voltaria para Holanda. Eu sempre disse que sim, tenho o objetivo de atingir o FIRE, mas não a todo o custo. Ou seja, não vou viver uma vida minimalista e nunca mais jantar fora para poder poupar ao máximo, por exemplo. Para mim a poupança não deve ser restrição. Quero poder ter e fazer certas coisas que são possíveis cá em Portugal.

Há imensas pessoas que me perguntam: “És holandesa, vives em Portugal, mas não pensas em voltar? Lá a vida deve ser muito melhor.” E o que eu digo sempre é: “Depende do que valorizas na vida.” Lá podes ter menos burocracia, as coisas estão bem organizadas, há outra oferta, outras possibilidades. Mas em Portugal há boa gastronomia, há sol, há uma natureza fantástica…

Ou seja, para mim, viver em Portugal traz-me muito valor que se traduz em felicidade. Posso ganhar menos, mas ganho mais em felicidade. E por isso, pelo menos como a minha vida está neste momento, não voltaria para a Holanda mesmo que pudesse atingir o FIRE mais rapidamente.

O FIRE é um objetivo final, mas o caminho até lá tem que ser o mais agradável possível.

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O que aprendeste durante o percurso?

Ter o foco certo na vida e fazer algo que gostamos realmente. Temos a sorte de viver num país seguro e não nos termos de preocupar com coisas básicas como ter comida, ter segurança, que nos podemos dar ao luxo de fazer o que gostamos se realmente queremos isso.

Portanto, ter o foco certo na vida é algo que aprendi. E esse foco pode mudar, portanto acho que é importante ter flexibilidade. Falando de finanças pessoais, ou independência financeira, o dinheiro é apenas o meio para chegar a um fim como também referi há pouco, e temos de saber bem que fim é esse que procuramos encontrar.

O que é que realmente queremos na vida? Essa pergunta é mais difícil do que parece. Eu acredito que se queremos mesmo muito uma coisa, que vamos ter motivação para lutar por ela. Então se pensarmos que queremos muito algo, mas não fazemos grande esforço para a ter, então se calhar não queremos assim tanto…

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Houve um “dia D” que virou a mesa?

Houve dois momentos que me marcaram e que fizeram com que mudasse a minha vida.

O primeiro momento foi durante a minha primeira experiência profissional, no meu estágio. Foi a primeira vez que tive contacto com o mundo empresarial. Entrava às 9h30 e saía às 19h00, e durante esse tempo tinha um chefe que me dizia o que tinha de fazer. Não tinha flexibilidade nenhuma.

Esta falta de flexibilidade, e ter alguém que me dizia o que fazer, fez com que percebesse que isso não seria para mim. Estava bastante infeliz, porque tinha tirado um curso que me deveria dar boas perspectivas de carreira e no fundo encontrei um contexto com que não me identificava nada.

Foi aí que pensei que tinha de arranjar uma forma de não ter de depender de um emprego. Passando numa livraria vi o livro Os segredos da mente milionária de T. Harv. Ecker e decidi comprar. Esse livro abriu-me os olhos para outras possibilidades e decidi que tinha de ganhar dinheiro para depois poder investir.

O segundo momento foi numa fase mais avançada na minha carreira, quando cheguei perto do cargo que tinha sonhado ter. Depois do estágio pensei que subindo dentro de uma empresa, conseguiria ter o salário e a liberdade que procurava. Se ficasse responsável por uma equipa, ou uma área, ganharia muito dinheiro e podia tomar mais decisões, tendo mais possibilidades de ser criativa e fazer as coisas à minha maneira.

Isso aconteceu. Mas o que veio com essa responsabilidade e dinheiro era competitividade, stress, trabalhar imensas horas… Tinha liberdade e dinheiro para investir, mas continuava a ter de responder a um chefe e vir para o escritório cinco dias por semana. Estava super infeliz.

Despedi-me sem ter nada para pensar na vida e foi aí que surgiu a ideia de criar uma empresa minha, o Finanças com Ella. Assim conseguiria trabalhar onde e quando quisesse e nos meus termos. Hoje em dia, ter-me despedido foi a melhor decisão que tomei.

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Quais foram as tuas maiores falhas e o que aprendeste?

Já fiz um artigo onde falo de alguns dos meus falhanços ou coisas que não correram tão bem na vida. Deixo-vos o link para esse artigo:

Ler sobre: Os meus falhanços | Como os ultrapassei

O que te motiva durante no dia-a-dia?

A motivação é algo complicada, principalmente quando tens um negócio próprio e tu defines os teus horários. É tentador deixar as tarefas de lado e ir ver uma série… Eu procrastino um pouco nas tarefas que tenho para fazer. Quando há uma estrutura já criada e sei exactamente o que fazer é mais fácil de me motivar. Por exemplo, já faço isto (o Finanças com Ella) há quase dois anos e comprometi-me comigo mesma a publicar pelo menos um artigo e um vídeo por semana e nunca falhei. Agora, para criar coisas novas às vezes tenho dificuldade em começar.

Estive a ler um livro de mindset que deu algumas ideias para ajudar na motivação e uma das que nunca usei e vou tentar usar é arranjar um parceiro de responsabilização. Eu comprometo-me a fazer algo esta semana e semanalmente temos de dar um update um ao outro para saber se fizemos aquilo a que nos comprometemos a fazer. Ou seja, ajudamo-nos a cumprir os nossos objetivos. Achei que essa dica poderia ajudar. O livro que fala nisto é You are a Badass at Making Money de Jen Sincero.

A motivação é sempre um desafio e às vezes dou por mim a ver imensos videos sobre motivação, para ver se me motivo. Só que ver videos não basta. É preciso pôr as mãos na massa.

É simples. Basta fazer. Aos poucos, mas ir fazendo. Sem desculpas. Isto apesar de parecer simples, não o é. Se fosse fácil, todos faziam. 

Ler sobre: Como criar novos hábitos | 3 métodos infalíveis

O que te orgulha mais e menos?

O que mais me orgulha é a minha persistência e o meu foco.

E o que menos me orgulha é a minha dificuldade em definir prioridades, ou seja, não conseguir definir onde devo gastar energia ou não. Isto tem a ver com saber o que valorizamos verdadeiramente. E outro aspeto que menos me orgulha é a minha dificuldade em tomar decisões. Até porque isto em muitos casos não me prejudica só a mim, mas também outras pessoas à minha volta.

Como é que as finanças pessoais chegaram depois dos RH. Os RH ficaram de lado?

Para contextualizar, eu tirei recursos humanos e comunicação organização a nível de licenciatura, mestrado marketing e depois com o MBA. Durante a minha carreira trabalhei maioritariamente em consultoria de IT. Ou seja, gestão de equipas de programadores, e gestão de clientes internacionais que contratam o serviço que essas equipas de programadores fornecem.

As finanças pessoais sempre foi um hobby. Agora com o Finanças com Ella estou a transformar esse hobby num trabalho e ainda trabalho na área de consultoria de IT (apenas três dias por semana).

Ambos estes trabalhos envolvem RH de certa forma. No caso do IT porque giro pessoas e contrato pessoas. No caso do Finanças com Ella, porque ensino (ou pelo menos tento :p) o meu conhecimento, e para isso preciso de saber bem o que as pessoas procuram, de que forma passar o conhecimento, interagir com as pessoas, etc.

Como planeaste o teu percurso?

Acho que não planeei o meu percurso. Por exemplo, a nível de carreira, inicialmente eu queria muito chegar a CEO de uma multinacional, e depois quando estava cada vez mais próxima de atingir isso, apercebi-me de que isso não me fazia feliz. E tive de mudar os meus planos. O meu percurso vai mudando conforme os meus planos mudam e vice-versa. Quando tenho um objetivo, crio um plano, mas tento sempre ser flexível para também poder mudar o plano de for preciso.

Como arranjaste dinheiro para começar a investir, visto que ainda andavas a estudar?

Quando comecei a investir já estava a trabalhar e já ganhava dinheiro. Por isso era mais fácil. Ganhava pouco, mas como os meus custos de vida eram baixos, eu conseguia poupar para investir. Comecei com 100 euros por mês e depois conforme ia ganhando mais dinheiro, em vez de gastar mais, poupava mais para conseguir investir mais.

2 comentários

  1. …“não voltaria para a Holanda mesmo que pudesse atingir o FIRE mais rapidamente.“
    Então Ella como posso confiar nos seus textos… comecei a ler o artigo e de cara me deparo com seu vídeo dizendo o contrário…

    • Olá Andrea! Eu lamento imenso se te induzi em erro. Isso não é a minha intenção de todo! No vídeo está um ponto de interrogação, porque esta foi uma pergunta dos meus leitores. De qualquer forma, vou ter em conta o teu feedback nos próximos artigos!

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