Como criar um orçamento financeiro para a gestão das finanças pessoais

Queres ficar a saber como criar um orçamento financeiro para a gerir melhor as finanças pessoais? Neste artigo vou apresentar um exemplo de um modelo de orçamento financeiro. Este orçamento vai ajudar a organizar melhor os gastos e ter uma visão macro de para onde vai o teu dinheiro todos os meses. Isto é um exemplo que eu considero que funciona bem, mas como cada caso é um caso, tens de perceber se para ti este modelo faz sentido.

Vamos começar por dividir o teu orçamento em diferentes categorias:

• 55% gastos essenciais
• 5% formação
• 20% objetivos (de curto, médio e longo prazo)
• 10% reforma
• 10% tudo o que tu quiseres

Gastos essenciais

Esta categoria deve representar 55% do teu orçamento financeiro. Se conseguires viver com apenas 55% do que ganhas, vais conseguir poupar muito mais e eventualmente reformar mais cedo.

Esta categoria inclui todos os gastos que não consegues evitar ter de forma nenhuma. Ou seja, a renda da casa/ prestação da casa, os gastos com a alimentação, gasto de educação dos filhos, despesas relacionadas com a casa, transporte para o trabalho, etc.

Se tiveres um salário líquido de 1000 euros, isto representa 550 euros mensais. Se gastas mais do que 55% do teu salário em gastos essenciais, tens de reavaliar os teus gastos, porque estás a viver acima das tuas possibilidades.

Vemos por aí muito gente a viver vidas que não são as suas e isso tem um impacto muito grande no seu futuro. Todas as escolhas de hoje, têm um impacto no nosso futuro. Se tu optas por mudar para uma casa mais cara, mesmo se não aumentaste o teu salário, isso terá consequências. 

Quando passa um carrão por nós e as pessoas dizem: “Ui deve ter dinheiro!”, eu digo sempre: “Ou calhar já não o tem porque o gastou todo no carro. Ou pior, nem tinha o dinheiro e pediu um empréstimo”.

Pensa para ti próprio: preferes parecer rico, ou sê-lo? Avalia o teu orçamento financeiro e adapta os teus gastos aos teus ganhos. Se queres gastar mais, podes fazê-lo, mas vais ter de fazer por ganhar mais. 

Ler sobre: Como poupar mais dinheiro mais rápido

Formação

Esta categoria deve representar 5% do teu orçamento financeiro. Gastar dinheiro em formação é essencial e eu considero que seja um investimento. Depois da escola ou da universidade, não fiques parado no que diz respeito à formação, seja fazendo cursos presenciais, cursos online, workshops, livros, etc.

A aprendizagem é um dos melhores investimentos que podes fazer. O teu principal ativo (o que te faz ganhar dinheiro) és tu! É o teu trabalho que te mete dinheiro no bolso. Então porque não melhorar-te a ti próprio?

Ao aprender coisas novas, ganhas novas competências. Ao ter novas competências, consegues-te diferenciar no mercado, valorizando-te mais. Ao teres mais valor, podes pedir mais dinheiro pelo teu trabalho. Investe em ti!

Gastar dinheiro em formação, vai fazer com que possas ganhar mais no futuro. Por isso podemos considerar que seja um investimento. Claro que não é fazer formações à toa. Tens de ter um plano.

Queres especializar-te nalguma área? Tens gosto por uma área e gostavas de trabalhar nessa mesma área? Estás a trabalhar numa empresa e queres ser aumentado ou ser promovido? Pensa nas competências te faltam, para conseguir atingir o teu objetivo.

Objetivos

Nesta categoria deves colocas 20% do teu orçamento financeiro. No caso de ganhares 1000 euros mensais, será 200 euros para objetivos de curto, médio e longo prazo. Curto prazo, será para objetivos até dois anos. Algo que queiras fazer ou comprar (ou mesmo para o natal, viagens, etc.). Médio prazo, entre 2 a 5, 6 anos. Ou seja, este dinheiro que vais juntando vai servir para estes objetivos não tão imediatos. E longo prazo acima de 6/7 anos. Aqui podes incluir comprar casa, ou então mesmo para a reforma. Apesar de haver uma categoria específica para isso.

No meu caso, tenho a reforma antecipada como grande objetivo para longo prazo. Quanto mais juntar e investir, mais rapidamente junto o capital que preciso para me poder reformar. Sendo que para a reforma já há outra categoria, posso reduzir a percentagem dos objetivos para 10% para aumentar a percentagem da reforma de 10% para 20%.

Conforma os nossos objetivos, podemos adaptar o modelo e jogar com as percentagens. Desde que cumprimos o orçamento, claro.

Reforma

Muita gente vive de dia para dia e não pensa nem no dia de amanhã, quanto mais na reforma. E tu, sabes quanto vais receber na reforma? Tens alguma ideia? Podes fazer uma simulação no site da segurança social directa, mas é bem provável que o valor te irá desiludir, principalmente comparando com aquilo que ganhas atualmente.

E as más notícias não ficam por aqui… Além do montante ser muito inferior àquilo que tens hoje, daqui a 20, 30 ou 40 anos, não vais conseguir comprar as mesmas coisas, por causa da inflação.

Por isso é que é tão importante pensar na reforma já! Se mudares o teu comportamento financeiro hoje, ainda vais bem a tempo de criar um futuro diferente e uma reforma mais composta. Queres poder chegar à reforma, com dinheiro, para aproveitar o tempo livre e fazer tudo o que queres fazer.

O que vais fazer com estes 10%? Investir, pois claro! Num produto financeiro para longo prazo. Idealmente um produto financeiro onde possas usufruir do juro composto, para fazer crescer o teu capital exponencialmente. Seja num ETF, num PPR. Um produto financeiro que combine com o teu perfil de investidor.

Ler sobre: Em que produtos financeiros investir para a reforma

Tudo o que tu quiseres

Esta categoria é a categoria do “no questions asked”, ou seja, podes gastar este dinheiro como tu quiseres. A vida não é só poupar e planear para o futuro não é. É super importante aproveitar o presente e pessoalmente sou muito a favor de o fazer. Eu gosto muito de jantar fora e não me importo de gastar com isso. Sei que tenho 10% por mês para o fazer isso.

Os segredos do sucesso do orçamento

O primeiro segredo para o sucesso do orçamento financeiro é ter flexibilidade. É importante ver que este orçamento é exemplificativo e que deverá ser ajustado ao longo do tempo e de pessoa para pessoa.

Ao longo da tua vida os teus ganhos vão mudar, aumentando idealmente, mas os teus gastos não precisam de aumentar necessariamente. Ou seja, se com o teu salário de hoje em dia, faz sentido ter 10% na categoria do “Tudo o que tu quiseres”, daqui a uns anos, se ganhares o dobro, pode já não fazer. Ou seja, vai avaliando se as percentagens ainda fazem sentido, ou se devem ser ajustadas.

Outro segredo é aplicar a estratégia do paga-te primeiro, para garantir o sucesso na poupança. O que deves fazer é: todos os meses, assim que recebes o teu ordenado, ou o teu rendimento, colocas uma percentagem de lado, para as poupanças (seja para a categoria dos objetivos, da formação ou da reforma). Antes de fazer qualquer gasto, colocas o montante das poupanças de lado, idealmente num sítio onde seja mais difícil retirar o dinheiro. Só para evitar que vás lá buscar algum dinheiro se o mês estiver a apertar. Isto faz com que adaptes os teus gastos àquilo que sobra, em vez de adaptar o que poupas aos gastos.

Se achas que não vais conseguir cumprir o teu orçamento, faz três coisas: 

1. Olha para os teus gastos, para o teu estilo de vida, e vê onde podes poupar. 

2. Se já poupas o máximo que consegues, então vê como podes aumentar os teus ganhos.

3. Se mesmo assim, tens dificuldade em poupar porque no final do mês nunca sobra dinheiro, paga-te primeiro.