Como escolher um ETF

Hoje vamos falar sobre um temas que muitos têm pedido, nomeadamente, como escolher um ETF. Que critérios ter em conta para escolher um ETF que combine com o teu perfil de investidor, objetivos e estratégia financeira e carteira de investimentos.

O que é um ETF?

Alguns já devem saber, mas é sempre bom recordar. Um ETF ou exchange-traded fund é um conjunto de várias ações, obrigações ou mesmo uma mistura de diferentes investimentos, que segue um determinado índice. Uma característica interessante dos ETFs é o facto de se poder comprar ou vender em bolsa, como se fosse uma ação de uma empresa. Ou seja, no fundo é uma mistura entre ações/obrigações/… e fundos de investimento.

Algumas características interessantes dos ETFs:

  • Custos baixos: o custo de gestão de um ETF é muito mais baixo em comparação a outros ativos.
  • Gestão passiva: há grande transparência na composição do ETF, o que em grande parte dos fundos de investimento não acontece. E o facto de não haver um gestor a gerir ativamente o fundo, ajuda a reduzir os custos, pois não precisamos de pagar o trabalho do gestor do fundo.
  • Elevada liquidez: como este produto está cotado em bolsa durante toda a sessão do mercado, a liquidez é elevada e tens grande acesso ao mercado financeiro. 
  • Diversificação: Podes investir em índices de setores específicos (por exemplo telecomunicações, empresas tecnológicas, de saúde, etc.), por mercados (ou seja, mundial, europeias, ou um país específico) e ainda podes optar se queres investir em empresas (ações, ou obrigações), ou mesmo em matérias primas. Toda esta possível diversificação baixa o risco.
  • Retornos interessantes: a meu ver, os ETFs são ideais para uma estratégia de investimento passiva e de longo prazo, ou seja investir regularmente num ETF e só usufruir dos lucros 10, 20 ou 30 anos depois. Muitas vezes quem opta por uma estratégia ativa, estando continuamente a comprar e a vender, a longo prazo pode não ter resultados tão interessantes. Apesar de não conseguirmos garantir os rendimentos, eu não me posso queixar.

Ler sobre: Quanto rendem os meus ETFs

Critérios ter em conta ao escolher um ETF:

1| Qual o índice que queres que replique

Para escolher um ETF tens de saber que índice queres que replique. Há imensos índices diferentes e para escolher o índice, deves definir três coisas: em que mercado queres investir, em que setor queres investir, e que tipo de classe.

QUAL O MERCADO?

Relativamente ao mercado. Isto tem a ver com onde estão as empresas onde vais investir. Queres investir em empresas só na europa? Só em portugal? (Neste caso estamos a falar do PSI20 por exemplo). Só nos USA? (exemplo: S&P500) Mundiais? Mercados emergentes? Pessoalmente gosto de índices mundiais, porque acaba por ser ainda mais diversificado. Mas isso é uma escolha pessoal.

QUAL O SETOR?

Qual é o setor em que queres investir? Podes escolher setores específicos, ou mais diversificados. Imagine que queres investir apenas em empresas ligadas à tecnologia, ou da indústria farmacêutica. É tudo possível. Mais uma vez, no meu caso, prefiro um índice que tenha empresas de vários setores, porque se um setor específico esteja a desvalorizar por algum motivo, as outras empresas no índice acabam por compensar essa baixa.

QUAL A CLASSE?

O tipo de classe de ativos tem a ver com o tipo de produto que tens dentro do índice. Podes ter ações, obrigações ou mesmo matérias-primas, como petróleo, ouro…

2| Receber dividendos ou acumular?

Outro critério que deves ter em conta é a escolha de um ETF que distribua os dividendos ou um ETF que acumule os dividendos. O dividendo é a percentagem de lucro que as empresas que estão no ETF distribuem aos seu acionistas. E dependendo do ETF podes escolher que esse dividendo seja accumulating ou distributing.

Se queres receber os dividendos regularmente (com periodicidade anual ou trimestral), deves procurar um ETF distributivo que diga DIST no nome do ETF ou na ficha de produto. Se pelo contrário queres acumular e assim usufruires do juro composto, opta por um ETF accumulating. Neste caso o nome do ETF deverá dizer ACC. No vídeo acima mostro onde consegues ver estes detalhes na ficha do produto.

3| Custos

Os custos podem dar cabo das rentabilidades, por isso, é super importante ver bem quais os custos associados ao ETF que escolheres. Esta informação está na ficha de produto. No caso dos fundos de investimento falamos da percentagem de TER (total expense ratio), que é a medida dos custos totais anuais associados à gestão de um fundo de investimento.

No caso dos ETFs o TER normalmente é equivalente à gestão de comissão. Portanto, deves mesmo ver bem quais os custos associados aos ETFs (a qualquer investimento na verdade) e retirar este custo da rentabilidade. 

Quando escolhes um ETF, vais ter de escolher também uma corretora ou um banco através do qual vais comprar o ETF. Então é super importante ver quais as comissões que o banco ou a corretora cobra.

Ler sobre: Como escolher uma corretora para investir na bolsa

Que ETF combina contigo?

A escolha do ETF é muito pessoal e deve estar alinhada com o teu perfil de investidor, os teus objetivos financeiros, o resto da tua carteira de investimentos, horizonte temporal, possibilidades financeiras, etc. Mas um fator comum para todos os investidores é realmente tentar que os custos sejam os mais baixos possíveis.

Depois, o ideal é ter rentabilidades elevadas, mas se queres rentabilidades elevadas, o risco também aumentará. Portanto, avalia se estás disposto a correr esse risco. Se não tiveres, opta por um ETF de menor risco. Um ETF de obrigações por exemplo. A título de exemplo, podes ver na ficha de produto qual o risco deste produto. (Novamente podem ver a demonstração disto no vídeo acima.)

E por fim, define a tua estratégia de investimento. Queres investir com que periodicidade? Com que diversidade geográfica, que sector? 

Bons investimentos!

2 comentários

  1. Bom dia e muito obrigada pela informação que transmite com tanta clareza. Se subscrever um etf e entretanto daqui por 20 ou 30 anos o quiser resgatar, há a possibilidade de, nessa altura, terem surgido outros mais interessantes e já não haver quem o queira comprar? Ficaria sem a totalidade do investimento? Quais os riscos nesse aspecto? Grata desde já pela disponibilidade e resposta

    • Consegues vender, independentemente disso. O valor a que vais vender é que altera conforme o mercado, procura versus oferta, valor das empresas, etc.

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