Como poupar sem abdicar usando o método kakeibo

Hoje vamos falar sobre poupança. Mas em vez de focar no que vamos ter de abdicar para conseguirmos poupar, vamos falar sobre como fazer com que essa poupança nos permita ter mais, ou fazer mais. Em vez de ter, ou poder fazer menos. E desta vez fui inspirada pelos japoneses…

Poupar sem abdicar daquilo que mais valorizamos… Será que é possível? Os Japoneses dizem que sim. Que usando o método Kakeibo, fazendo uma gestão mais mindful e descobrindo aquilo que realmente nos faz feliz, conseguimos. Além disso, os japonenses são conhecidos pelo seu conceito de melhoria contínua, continuous improvement, um conceito conhecido por Kaizen. Cada vez mais o Kaizen e o Kakeibo são usados para melhorar também as finanças pessoais, e por isso acho que faz todo o sentido falar falar sobre isto. Vamos começar pelo método Kakeibo. 

O que é Kakeibo?

O Kakeibo é um método japonês que ajuda a atingir objetivos financeiros. A ideia é simples: começar por ter um visão geral de quais são as tuas despesas, os custos fixos e quais os rendimentos. Depois vais definir quais são os objetivos financeiros que queres atingir e quanto estás disposto a colocar de lado mensalmente, para os atingir. E registas isto tudo ou no computador, ou num caderno. Existem mesmo cadernos Kakeibo à venda online. E para ajudar a fazer este registo, todos os meses deves responder às seguintes perguntas:

  1. Quanto dinheiro tenho disponível? (Isto representa os teus rendimentos)
  2. Quanto estou disposto a poupar? (Definindo uma meta de poupança para calcular quanto podes gastar por semana.)
  3. Quais são as minhas despesas? (Aqui devemos anotar as nossas despesas diárias, dividindo-as por categorias.)
  4. E depois por fim, como posso melhorar? (No final de cada mês, vês se estás no bom caminho, portanto que estratégias funcionaram que possas aplicar também no mês seguinte e  também aquilo que gostarias de mudar no próximo mês.)

Usa-se o método Kakeibo para organizar as finanças pessoais. E ao seguir os quatro passos, no final sabes quanto dinheiro entra e quanto sai. Depois de ter este overview, consegues refletir sobre o que é realmente importante para ti, e como podes otimizar os teus gastos de forma a estarem alinhados com os teus objetivos. Relativamente às despesas, é muito importante que reflitas sobre o que é para ti necessário e algo que desejas. São coisas diferentes. 

O último passo (passo 4) é essencial e está relacionado com a reflexão final. Tens de acabar todos os meses, fazendo uma reflexão do teu progresso. Não basta olhar para o registo das despesas. Isso é limitativo e focamos muitas vezes apenas em onde gastámos dinheiro que não devíamos ter gasto. Usando este método, deves mesmo fazer uma reflexão mindful, olhando para o mês que passou, apontando o que correu bem, e o que correu menos bem, dando-te uma visão mais global. E depois deves definir os objetivos para o mês seguinte.  

Ler sobre: O meu segredo para poupar muito dinheiro

O que é Kaizen?

O termo japonês Kaizen significa melhoria contínua, ou mudar para melhor. É muito usado no mundo dos negócios, para melhorar continuamente os processos de uma empresa, por exemplo. Mas podemos também usar o Kaizen nas nossas finanças pessoais, porque a ideia é que conseguimos melhorar, ou conseguirmos mudanças grandes, ao dar passos pequenos, progredindo gradualmente. 

A Toyota foi uma das primeiras empresas a usar o Kaizen no processo de fabricação de automóveis. E hoje em dia já não é a única. Há muitas empresas, principalmente ligadas à área da tecnologia, que usam a prática de melhoria contínua, por exemplo, para lançar uma atualização de software com mais rapidez ou garantir um lançamento de produto mais rápido. 

Kaizen é um processo diário que envolve as pessoas no processo. No fundo pede que as pessoas procurem constantemente maneiras de melhorar. Seja para melhorar a sua comunicação, para serem mais eficientes, para eliminar desperdício, porque todas estas pequenas mudanças em cada pessoa, no geral, vão ter um impacto muito grande. E além do Kaizen se basear em pequenos passos para grandes mudanças, foca também na reflexão do que foi feito, se as mudanças tiveram efeito, e de como queremos fazer as coisas daqui para a frente, para continuar a melhorar. 

Como aplicar o Kaizen às finanças pessoas? Podes usar o Kaizen para atingir diferentes objetivos financeiros: poupar, pagar dívidas, ganhar mais, atingir a independência financeira… Pegando no exemplo poupar: pensa que passos podes dar hoje, que vão fazer a diferença no final do mês. Começa pequeno. Que gastos podes adaptar, para que sobre mais, por exemplo.

É muito comum que para objetivos grandes e que levam tempo até se conseguir atingir, como pagar as dívidas ou mesmo atingir a independência financeira, desanimamos ou desistimos, porque simplesmente é um objetivo demasiado grande. Mas o Kaizen diz que conseguimos atingir estes objetivos maiores, dando passos mais pequenos.

Para conseguir aplicar o Kaisen num objetivo financeiro devemos fazer quatro coisas: planear, fazer, verificar e ajustar. Tal como se faz nos métodos científicos. Para testar uma hipótese e ver se se confirma ou não, é preciso primeiro planear e fazer. E depois verificar, e se ainda não houver resultados conclusivos, e ajustar até chegar a um resultado conclusivo.  

Dicas financeiras dos japonenes

Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi que os japoneses acreditam que devemos focar naquilo que vamos conseguir fazer com o dinheiro poupado, em vez de focar em o que precisamos de abdicar para poupar. Isso torna o processo logo muito mais agradável. 

Se eu quero atingir a independência financeira e em vez de pensar: tenho de abdicar de grande parte dos meus gastos, para juntar mais dinheiro e investir mais, penso: este gasto que decido não fazer, vai-me permitir atingir a independência financeira ainda antes do tempo previsto. E ao atingir a independência financeira, consigo fazer escolhas muito mais livremente.

É bom gastar! Desde que seja um gasto sensato e bem pensado. Se trabalhamos muito, é para alguma coisa. Não nos podemos esquecer de aproveitar a vida. E relativamente aos gastos, ou escolhas, temos de ter bem claro o que é para nós um gasto essencial, ou obrigatório, e um desejo. Eu tenho de comer todos os dias, mas não tenho de comer fora todos os dias. Fazer estas escolhas de forma sensata. 

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