Investir num PPR ou num ETF? Existem fundos sustentáveis?

#asdicascomella

Recebo muitas vezes perguntas vossas a pedir a minha opinião sobre temas relacionados com finanças pessoais. Perguntas como: o que eu acho do produto x? Ou: investir num PPR ou num ETF? Etc. Por isso hoje decidi fazer um artigo com dicas.

Deixo a nota de que a minha opinião em muitos casos pode não ser relevante, porque o que é um bom investimento para mim pode não sê-lo para ti. Por isso, o que vou fazer nos artigos As dicas da Ella, é mostrar o meu ponto de vista: as desvantagens ou desvantagem e o que faria se fosse eu e porquê.

Recordo que, se em alguns casos der a minha opinião, não tenho como objetivo influenciar-vos a fazer um investimento num produto específico, ou optar por uma determinada estratégia. O meu objetivo é dar as ferramentas para consigam escolher a melhor estratégia de investimento para a vossa situação financeira pessoal.

Investir num ETF ou num PPR?

A primeira pergunta a que vou responder é sobre o que escolher entre um ETF (exchange traded fund) e um PPR (plano poupança reforma). Qual deles é mais vantajoso. Antes de mais é preciso ver que são produtos diferentes, e portanto não dá para pôr tudo no mesmo saco. Depois, também não dá para considerar que todos os ETFs são iguais, e a mesma coisa com os PPRs. 

Começando pelos PPRs. Há PPRs sob a forma de seguro, com capital garantido (na maior parte dos casos), que têm um nível de risco mais baixo, e normalmente uma rentabilidade mais baixa também. E depois há os PPR sob a forma de fundo que não têm capital garantido, têm maior risco e possíveis retornos mais elevados. Portanto, no mesmo produto, há opções distintas, que se enquadram melhor em perfis de investidor diferentes.

A mesma coisa com os ETFs. Há muitos ETFs diferentes, com riscos diferentes. ETFs de ações, de obrigações, que seguem as maiores empresas só dos estados unidos, empresas de setores específicos… Ou seja, mais uma vez, dentro dos ETFs, há ETFs para perfis mais conservadores ou moderados e outros para perfis mais dinâmicos.

Então a resposta à pergunta “escolher um ETF ou um PPR” não é linear. Depende. Depende do teu perfil de investidor, dos teus objetivos financeiros, do teu horizonte temporal, do teu conhecimento. A título de exemplo, eu invisto tanto em ETFs como em PPRs. E pode até fazer sentido optar por investir em vários ETFs e em vários PPRs.

Ainda vale a pena comprar carro próprio?

Gostei muito desta pergunta, porque a resposta (mais uma vez) não é assim tão linear. Se comprarmos um carro e não o rentabilizarmos, ou seja, não o usar para a Uber por exemplo, ele é um passivo (retira-nos dinheiro do bolso). Temos despesas com ele (o combustível, a inspeção, o seguro, portagens, arranjos, etc.). Então à partida seria um não. Não vale a pena comprar um carro.

Mas, como referi, não é assim tão linear. Imagina que precisas do carro para ir trabalhar, porque não é possível ir de transportes públicos. Nesse caso obviamente vale a pena comprar carro e até se torna mesmo necessário.

Mas se não for o caso? Se não precisas de um carro para ir trabalhar? Será que assim não valeria mais usar os transportes públicos, usar uber, ou mesmo alugar carro quando precisamos? Talvez… Mas podem querer o carro só pelo conforto… Será que neste caso vale a pena? Ou é um luxo desnecessário? Se estás com esta dúvida, uma coisa que podes fazer, é fazer as contas e pesar os prós e contras.

Pessoalmente acho que a resposta está em avaliar se ter o carro te impede de atingir outro objetivo maior. Se tens como objetivo atingir a independência financeira, o carro vai te ajudar a alcançar esse objetivo ou não? Se calhar o carro não irá impedir alcançares a independência financeira, mas pode atrasar… (Isto no caso do carro ser apenas uma comodidade e não uma necessidade, não é). No entanto, se calhar esse conforto vale esse atraso.

Recomendas investir no Lusitania Poupança Reforma PPR?

Muitos de vocês perguntam-me o que eu acho de um produto específico. Seja o Lusitania Poupança Reforma PPR ou o S&P 500, Forex, ou Bitcoin… Já sabem que quando me pedem recomendações, a minha resposta é sempre que não recomendo nada. Primeiro porque não sou consultora financeira e portanto, nem o posso fazer, e segundo, porque cada caso é um caso e só conhecendo o caso específico da pessoa, é que conseguiria dar uma opinião.

Acontece que, mesmo se pudesse, prefiro não dar a minha opinião, porque isso muitas vezes faz com que a pessoa seja influenciada ou deixe de investigar ou pensar por ela própria. E não sou apologista disso. Prefiro ensinar a fazer uma seleção de produtos para uma carteira de investimentos diversificada, para perfis e objetivos específicos. Ensinar a perceber onde procurar as informações para tomar uma decisão inteligente.

A decisão de investir ou não num determinado produto é muito pessoal e irá sempre depende de várias fatores, nomeadamente: 

  • do perfil de investidor,
  • dos objetivos financeiros,
  • do teu horizonte temporal,
  • da tua estratégia e filosofia de investimento,
  • de outros produtos que já tenhas na carteira de investimentos (para saber se este produto complementa bem o teu portfólio e se ajuda na diversificação),
  • da liquidez pretendes,
  • etc…

Eu acho que a decisão de investir num determinado produto não é assim tão difícil. O difícil é saberes a resposta a estas perguntas todas. A partir do momento em que tens estas respostas, será mais fácil saber se deves ou não investir num determinado produto.

Existem fundos sustentáveis ou investimentos mais éticos?

Sim, existem fundos de investimentos sustentáveis, que investem apenas em empresas éticas ou sustentáveis. Estes fundos têm que ter a designação de ESG, que significa: Environmental, Social, and Corporate Governance. O ESG garante que as empresas que compõem este fundo são sustentáveis. A Bárbara Barroso fez um episódio no seu podcast MoneyBar sobre este tema que recomendo que ouçam, caso queiram saber mais sobre isto.

Portanto se procurarem um fundo ou um ETF e virem que têm ESG no nome, sabem que não vão estar a investir em empresas no sector do tabaco, armas, etc., e que as empresas têm medidas para reduzir o impacto ambiental. Acho que é muito importante nos preocuparmos com isto, porque ao investirmos nestes fundos, somos “mini” acionistas destas empresas. 

É uma boa altura para investir?

Se soubéssemos isto se calhar já estaríamos todos ricos! A meu ver é impossível prever qual a melhor altura para investir. Por norma, quando os mercados estão em baixo, conseguimos comprar mais barato. Mas quem te garante que amanhã os mercados não vão baixar ainda mais? Então, será melhor investir já hoje, ou esperar? Mas se esperares, podem também voltar a subir. Ou seja, no fundo isto é especulação… Por isso é que eu prefiro optar pela estratégia Dollar Cost Averaging em vez de fazer Market Timing. 

A verdade é que mais importante que definir qual a melhor altura para começar, é começar! Quanto mais tempo esperas, mais tempo demoras a receber rendimento dos teus investimentos. Acho que vale mais gastar tempo na preparação e a estudar sobre investimentos, do que ver se é ou não a melhor altura para investir.

Ler sobre: Começar a investir do zero – Guia para iniciantes

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