É uma boa altura para investir? Onde investir com 20 anos de idade? #asdicasdaella
Hoje temos mais um artigo com as dicas da Ella, onde respondo às vossas perguntas. Se tiveres curiosidade em ler o primeiro artigo, podes vê-lo aqui. No artigo de hoje respondo a perguntas como: o que ter em conta para investir em obrigações, vamos saber se é preciso acompanhar diariamente os nossos investimentos, onde investir se tens menos de 20 anos, entre outras.
Antes de começar a responder às perguntas quero reforçar que deves sempre ser muito crítico em relação a o que ouves, vês e lês sobre tópicos relacionados com investimentos e finanças pessoais. Quanto mais sabes, mais crítico consegues ser. Pode parecer que quanto mais aprendes, menos sabes, porque apercebes-te do quão grande é o tema. E isso é um sinal que estás no bom caminho.
É fundamental teres informação suficiente do teu lado para formar uma opinião crítica e tomar decisões inteligentes. Podem ver os meus vídeos, mas vejam também outros! E já agora, respondo a uma das questões mais colocadas, que é…
Que outros canais, podcasts, grupos, e sites sobre finanças pessoais recomendas?
Recomendo ouvir o podcast Contas Poupança do Pedro Andersson, o MoneyBar da Barbara Barroso. Vejam o site Rankia.pt, Deco Proteste investe. Inscrevam-se nos grupos de facebook Financial Independence Portugal – FIRE e no FIRE Talks Portugal. E no instagram podem seguir conta a Tio Patinhas, que pessoalmente gosto bastante.
Quantas mais fontes de informação tiveres, melhor. Diversifica nas fontes de informação. Mais um coisa onde deves diversificar. Diversificar nos investimentos, nas fontes de rendimento, nas contas onde guardas o fundo de emergência, dividindo o mesmo, para distribuir o risco, e diversificar nas fontes onde vão buscar informação sobre finanças pessoas e investimentos.
O que ter em conta para investir em obrigações?
Excelente pergunta! Primeiro, vamos perceber o que é uma obrigação. De forma muito simples, (que é o que gostamos né, simplificar estes assuntos complexos), então uma obrigação é um título de crédito, através do qual conseguimos receber juros. Quando compras uma obrigação, no fundo estás a emprestar dinheiro, e tal como acontece quando nós pedimos um empréstimo ao banco, ao pedir dinheiro emprestado, é preciso pagar juros à pessoa ou organização que te está a emprestar dinheiro.
Estas obrigações ou empréstimos, podem ser de empresas ou do estado. Ou seja, uma empresa, ou o estado, ao emitir uma obrigação, está a contrair um empréstimo. Comparando com ações, se investirmos numa ação, somos acionistas e estamos a adquirir uma parte pequena de uma empresa. Investindo em obrigações, somos obrigacionistas e estamos a emprestar dinheiro a uma empresa ou ao estado, ou seja, somos credores.
Dentro das obrigações há dois grandes grupos: obrigações do estado, como por exemplo as obrigações do tesouro e obrigações de empresas privadas. As obrigações do tesouro são muitas vezes confundidas com certificados do tesouro, mas são coisas diferentes. Apesar de ambos serem dívidas públicas, as obrigações do tesouro são adquiridos em bolsa, como ações. Os certificados do tesouro, podem ser subscritos através dos CTT ou da plataforma Aforro Net.
Ler sobre: Como investir em Certificados do Tesouro Poupança Crescimento
Para começar a investir em obrigações deves decidir se queres investir em obrigações do tesouro, do estado ou de empresas. As obrigações do estado têm menor risco (porque o risco de falência do estado, que é quase nulo), o que consequentemente faz com que as taxas de juro, ou seja, os teus ganhos, sejam mais baixos também. Relativamente às obrigações de empresas, por norma as taxas de juros são mais altas, mas o risco de incumprimento também é maior.
Uma opção que pessoalmente gosto, é investir num ETF de obrigações de empresas. E assim, apesar de investir em obrigações de maior risco, distribuo esse risco ao investir em várias ao mesmo tempo. Relativamente ao ricso, comparando investir em ações ou investir em obrigações, o risco de investir em obrigações é bem mais baixo. Se olharmos para o nível de risco, de 1 a 7, comprando um ETF de ações mundial, o iShares Core MSCI World tem risco 6, e o ETF de obrigações por exemplo o iShares Core Euro Corporate Bond tem risco 3.
Onde investir com 20 anos de idade?
Tenho recebido muitas perguntas de jovens, com 20 anos ou menos, que é: onde posso investir? Antes de mais, acho excelente já com essa idade terem a preocupação de pensar nisso. É excelente, e se tu és uma dessas pessoas, partilha essa iniciativa, este artigo se calhar, com colegas, amigos, primos, da mesma idade, porque têm muito a ganhar a longo prazo. E porquê? Porque quanto mais cedo começar melhor!
Escrevi um artigo, onde mostro num gráfico qual a diferença entre começar a investir aos 20 e aos 30. É muito interessante perceber o impacto de começar cedo. Spoiler alert: a pessoa que começa aos 20 anos, fica com quase mais 300 mil euros a mais, comprando com a pessoa que começou aos 30. Portanto, grande vantagem para quem começa cedo.
Se tiveres menos de 18 anos, que é a idade mínima para começar a investir na bolsa de valores, podes pensar em começar a investir num PPR. Um Plano Poupança Reforma, apesar de parecer que só pode ser utilizado para a reforma, não é bem assim. Se investires num fundo PPR, acabas por poder investir à mesma em ações, mas através de um produto diferente, que ainda te dá benefícios fiscais. Podes abrir um PPR em nome da tua mãe ou do teu pai como contribuinte, mas em que tu és o participante. E assim está no fundo em teu nome.
Ler sobre: Como escolher um PPR (Plano Poupança Reforma)
É preciso acompanhar diariamente os meus investimentos?
Depende da tua estratégia. No fundo és tu que escolhes se vais acompanhar os teus investimentos diariamente ou não. Se queres ter uma estratégia de longo prazo, sem ter muito trabalho com os investimentos, podes usar a estratégia chamada Dollar Cost Averaging, em que investes com regularidade e para longo prazo. Assim não olhas todos os dias, nem todos os meses para os teus investimentos, porque não precisas.
E por um lado, se quiseres garantir que segues mesmo esta estratégia, o melhor é mesmo não ver diariamente os teus investimentos, porque caso os mesmos estejam a desvalorizar, podes ter a tendência de querer vender. E a longo prazo, isso não é a melhor opção.
Se queres ter uma postura mais ativa, e estar mais em cima dos teus investimentos, opta por fazer market timing, em que vais avaliando se agora é uma boa altura para comprar ou vender. Isso dá mais trabalho e eu considero que seja um pouco mais especulativo. Porque decidir se agora é uma boa altura para comprar, é relativo. E se amanhã for melhor? Como tomas essa decisão? É sempre um risco.
Portanto, se é preciso acompanhar diariamente os meus investimentos, depende da estratégia e gestão que queres escolher. Queres investir para longo prazo? Ou curto prazo? Queres fazer uma gestão activa, ou uma gestão passiva? Dependendo das tuas respostas a estas perguntas, tens de olhar ou não olhar frequentemente para os teus investimentos.
É uma boa altura para investir?
Esta pergunta é uma das que mais recebo. Tanto que já respondi a esta pergunta no outro artigo das dicas da Ella. Por isso diria para veres esse artigo. De qualquer modo, posso dizer que mais importante que pensar sobre se é uma boa altura ou não, é deixar de pensar nisso e agir. Começar. Enquanto estás a pensar nessa pergunta, estás a perder dinheiro. Já podias ter o dinheiro investido e estar a ter lucro.
Bons investimentos!