As minhas melhores decisões financeiras
Há um tempo atrás partilhei os meus falhanços, onde falei dos meus fracassos e como os ultrapassei. Acho que é bom falar não só do sucesso mas também das nossas falhas, para podermos aprender com isso. De qualquer modo, com o sucesso dos outros também podemos aprender e para mim serve muitas vezes como inspiração, ver o que pessoas bem sucedidas fazem para garantir esse sucesso. E por isso neste artigo partilho convosco as minhas melhores decisões financeiras.
Começar (cedo)
A primeira das três decisões financeiras que tomei, olhando agora para trás, foi ter começado a investir. Sabendo o que sei hoje, e olhando para os resultados, gostava de ter começado ainda mais cedo, mas pronto, comecei e isso foi de facto uma das melhores decisões.
E porquê? Porque agora usufruo do juro composto. O primeiro investimento que fiz foi em fundos de índice, no MSCI World Custom ESG (comparável ao ETF iShares Core MSCI World UCITS disponível na Degiro), através de uma correctora holandesa. O meu pai é que me incentivou, quando se apercebeu que eu estava a ler muito sobre esta área dos investimentos, FIRE, e finanças pessoais.
Comecei a investir em 2013 todos os meses um valor fixo. A minha rentabilidade tem sido em média 9,7% ao ano. O que é muito bom. Claro que temos que contar com uma descida em alturas de crise. E assim esta média baixará. Mas mesmo se for 8% é muito bom. Para ter uma ideia, se investires 500 euros todos os meses e tiveres uma rentabilidade de 8%, daqui a 20 anos tens cerca de 286 mil euros. Só investiram 120 mil euros do vosso dinheiro, mas com o juro composto, e se reinvestirem o lucro, chegam a este valor.
A mesma coisa com a compra da minha primeira casa. Devia tê-la comprado ainda mais cedo! Mas o que importa é que a comprei. Comprei a minha primeira casa em 2016 e entretanto já deve valer o dobro. Mais uma vez, estaos numa altura de sobrevalorização. Mas a longo prazo, acredito que seja sempre um bom investimento.
A lição mais importante aqui é que a meu ver, nestes dois tipos de investimento, não há uma altura ideial para começar. Aliás a altura ideal é sempre o quanto antes. Se estás à espera que o mercado caia para investir num ETF, não esperes e em vez disso investe já hoje. Muito provavelmente perdes mais dinheiro enquanto esperas, do que o possível ganho que tens ao comprar mais barato. Foi assim que eu sempre investi e para mim tem resultado.
Ter-me despedido
Parece contraditório, ter-me despedido ser uma das melhores decisões financeiras. Mas a verdade é que foi. Então, eu tinha um emprego bom, ganhava perto de 3000 euros líquidos por mês, em Portugal. Muito dinheiro. Mas o dinheiro não é tudo. Já estava a trabalhar na área há vários anos e consegui evoluir bastante durante esse periodo. Mas já não me identificava. Já não me sentia bem e já não me conseguia motivar.
Aqui percebi o que já tinha ouvido muitas vezes, que o dinheiro realmente não é um factor motivador. Há outros factores que pesam bem mais. Despedi-me sem ter nada, e usei parte do meu fundo de emergência para ficar uns meses a viajar e a pensar no que queria fazer.
Isto foi uma sensação de liberdade enorme, poder fazer isto. É por isso que digo que um fundo de emergência, que todos devemos ter, pode ser utilizado em alturas de desgraça, mas também para oportunidades. E foi o meu caso. Porque foi neste periodo que comecei o Finanças com Ella. E comecei o meu próprio negócio que é um dos meus actuais investimentos. Ainda não vivo só do meu negócio. Ainda trabalho por conta doutrem três dias por semana, mas um dia, espero conseguir ter apenas o meu negócio e o retorno dos meus investimentos, claro.
Quando me despedi decidi que queria estar seis meses sem trabalhar. E durante esses seis meses fui sendo abordada por empresas para me entrevistarem e possivelmente me contratarem. Como eu estava numa posição em que não tinha nada a perder, numa das propostas de trabalho que recebi, pedi para trabalhar apenas 3 dias por semana em vez de 5. E aceitaram! Nunca achei que isto fosse possível em Portugal, mas na altura pensei pedir não custa. Nao tenho nada a perder. Pedi, e eles aceitaram.
Ter-me despedido permitiu-me criar o meu negócio e trabalhar em part-time para ter tempo e dinheiro para gerir tudo. Foi uma das melhores decisões na minha vida diria, porque realmente fez-me pensar out of the box. Pensar em possibilidades e não limitações. Muitas vezes não temos as coisas, não por ser impossível, mas simplesmente porque não pedimos.
Não aumentei as minhas despesas
A última melhor decisão financeira que tomei foi não ter aumentado as minhas despesas. É muito tentador aumentarmos o nosso estilo de vida e consequentemente os nossos gastos, quando começamos a ganhar mais. Eu lembro-me quando recebi o meu primeiro salário, depois de acabar o curso, que me senti tão rica e fui comprar imensas coisas. Com a desculpa de que precisava de roupa formal para trabalhar e coisas para a casa porque já não era estudante, e tinha de decorar a casa como deve ser. Estava habituada a viver com 400/500 euros, se tanto, e de repente ganhava o dobro!
Felizmente esta estupidez passou-me rapidamente quando percebi que em vez de gastar mais, em coisas que antes nunca me fizeram falta, podia poupar! A verdade é que por não ter aumentado o meu custo de vida sempre que ganhava mais, consegui poupar muito e investir muito também.
Somos seres de hábitos e muito rapidamente nos habituamos a um estilo de vida mais luxuoso. O que acontece depois de nos habituarmos ao nosso novo estilo de vida? Queremos mais e mais e mais. E há mais uma vantagem nisto. Além de se conseguir poupar mais, ou seja, conseguirmos chegar mais rapidamente ao valor que precisamos para atingir a independência financeira, também precisamos de um montante mais baixo. Porque as nossas despesas são mais baixas.
Se as tuas despesas mensais forem mil euros, o montante que precisas para atingir a independência financeira é 300 mil euros. Agora se as tuas despesas forem 2 mil euros por mês, precisas de juntar o dobro para conseguires alcançar a independência financeira. Para saber como fazer estas contas lê este artigo: O que é Independência Financeira
Por isto é que não aumentar os teus gastos quando recebes mais, mas sim poupar o que ganhas a mais, é uma das melhores decisões financeiras que podes tomar.
Estas foram as minhas melhores decisões financeiras! Espero que sirva de inspiração. Quais foram as tuas melhores decisões? Partilha nos comentários para nos inspirarmos ainda mais.
Olá Ella,
Antes de mais, parabéns pelo fantástico blog! Desde há vários anos que invisto, nomeadamente em acções, obrigações e ETFs e acho os teus textos bastante interessantes e educativos.
Tenho uma questão acerca do que escreves no post sobre “As minhas melhores decisões financeiras”. Quando mencionas que investes mensalmente um valor fixo no Index Fund MSCI World Custom ESG, de quanto estamos a falar?
Entendo a ideia de comprar várias vezes ao ano, de forma a fazer preço médio, mas ou tens um valor mensal muito grande e a % dos custos das comissões é muito reduzido ou perdes imenso valor só em comissões… No meu caso, compro um ETF com o ticket CSPX.AS (replica o S&P 500) e pelas contas que fiz, o ‘sweet spot’ entre o meu montante investido e o valor das comissões é comprar 3 ou 4 vezes. Pessoalmente, opto por 4 compras anuais, de forma a ter mais pontos de referência ao longo do ano.
Agradeço desde já o teu tempo 🙂
P.S: Deixo-te uma ideia para outro post: Fundos/ETFs Acumulativos (Acc) vs Fundos/ETFs Distribuídos (Dist).
Com os melhores cumprimentos,
Pedro
Olá Pedro, muito obrigada pelo teu comentário e por esta partilha! Fico contente em receber este feedback e ainda por cima sugestões de novos artigos 🙂 Sobre o Index Fund, invisto no iShares Core MSCI World UCITS ETF pela Degiro que está na lista de ETFs sem comissões. Mas também invisto noutra corretora (holandesa, chama-se Meesman) onde o valor mínimo mensal é inferior à da Degiro. Mas não falo muito nisso, porque os portugueses não conseguem investir através dessa corretora. A tua estratégias de 4 compras por ano também me parece bem! É uma boa solução para aqueles que não consegues evitar pagar comissões.